domingo, 6 de janeiro de 2008

Escritos de Lao-Tsé

sob o céu
conhecer-se o que faz o belo belo            eis o feio!
conhecer-se o que faz o bom bom              eis o não bom!
 
 
 
portanto
o imanifesto e o manifesto         consurgem
o fácil e o difícil                confluem
o longo e o curto                  condizem
o alto e o baixo                   convergem
o som e a voz                      concordam
o anverso e o reverso              coincidem
 
 
 
por isso
 
o homem sábio                          cumpre os atos sem atuar
                                      pratica a doutrina sem falar
 
as dez mil coisas                        operam sem serem impedidas
                                     nascem sem serem possuídas
                                         atuam sem serem dominadas
 
 
 
concluída a obra                        ele não se atém
e só por não se ater        ela não se esvai

o céu e a terra são sem amor-humano
consideram as dez-mil-coisas cães-de-palha
 
 
 
 
o homem santo é sem amor-humano
considera as dez-mil-coisas cães-de-palha
 
 
 
 
o vão entre o céu e a terra...
como se parece a um fole!
 
 
 
 
mas esvazia-se sem se contrair
move-se e ainda extravasa!
 
 
muitas palavras e números o limitam
melhor guardá-lo no íntimo

 
 
A massa efusiva e mais efusiva
como no gozo de um festim sacro
como nos altos a sagrar a primavera
 
só eu ancorado! nesse ainda sem auspícios...
como recém-nascido antes de se acriançar
marionete! sem para onde retornar
 
a massa tem o supérfluo
só eu sem quê nem para quê
eu... que coração de idiota
oh! confuso e mais confuso
 
a gente brilha que brilha
só eu ofuscado e aparvalhado
 
a gente vibra que vibra
só eu melancólico e mais melancólico
plácido! tal qual o mar
ao vento! como sem lugar
 
a massa tem com quê
só eu obstinado e tosco
 
mas só eu diferente dos outros
dignificando a mãe nutriente

falar diluído é o natural
 
 
 
 
 
portanto
 
um vendaval não dura uma manhã
um temporal não dura um dia
 
 
quem os fomenta ?
céu e terra
 
céu e terra...  sua fúria não dura
quanto mais a intempérie humana!
 
 
portanto
quem segue o curso                               une-se ao curso
quem segue a virtude                 une-se à virtude
quem segue a perdição               une-se à perdição
 
quem se une ao curso                este o acolhe com alegria
quem se une à virtude                esta o acolhe com alegria
quem se une à perdição                esta o acolhe com alegria
 
 
pouca fé não merece fé



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